sábado, 6 de junho de 2009

Classe social mais alta está relacionada a menores perdas dentárias

Pesquisa realizada em Maceió (AL) mostra que a principal razão das perdas permanentes entre as pessoas menos abastadas é a cárie dentária. No estudo, os pacientes apresentaram em média 16,59 dentes cariados, perdidos ou obturados.

A perda de dentes causa transtornos psicossociais, como dificuldade de relacionamento, insegurança e outros de ordem sistêmica, como disfunções gastrointestinais e má nutrição. Levando em consideração que a razão da extração dental associada à classe social tem sido pouco avaliada nos estudos sobre perdas dentárias, Renata Cimões e equipe da Universidade Federal de Pernambuco resolveram determinar a influência da classe social nas razões clínicas das perdas dentárias em adultos da cidade de Maceió (AL).

O trabalho envolveu 466 pessoas, com idade entre 18 a 76 anos, que tiveram seus dados socioeconômicos e demográficos coletados através de um formulário. O exame clínico determinou a razão pela qual o dente seria extraído e houve registro do CPOD de todos os pacientes. De acordo com artigo publicado na edição de novembro/dezembro de 2007 da revista Ciência & Saúde Coletiva, o conhecimento das razões pelas quais os dentes permanentes são extraídos é necessário para organizar e efetivar estratégias adequadas para prevenção e tratamento das doenças bucais, pois com esse conhecimento será possível melhorar as condições de saúde bucal.

Os pesquisadores observaram que 79,2% dos entrevistados não tinham completado o segundo grau e 82,6% apresentaram renda familiar de até quatro salários mínimos. A principal razão das perdas dos dentes permanentes foi a cárie dentária. Segundo eles, os pacientes apresentaram em média 16,59 dentes cariados, perdidos ou obturados, e a maioria apresentou CPOD entre 11 e 20 dentes. A equipe constatou ainda associação significativa entre a razão da perda e o grupo social a que pertencia o paciente.

Dessa forma, os especialistas concluem que a classe social influenciou significativamente na razão clínica da perda dentária. No estudo, ficou evidenciado que os pacientes incluídos no grupo que representava a burguesia, nova pequena burguesia e pequena burguesia tradicional tiveram percentualmente menos perda por cárie quando comparados aos grupos. A classe social baixa determina a perda dentária por razões biológicas (cárie, doença periodontal), pois para esses indivíduos não há recursos para que a saúde seja restabelecida, perdem mais dentes por cárie e apresentam maior número de dentes perdidos, o que não ocorre para indivíduos de classe social elevada, onde a indicação para exodontia pode ser revertida tanto para tratamentos restauradores como os protéticos, explicam no artigo.

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