sábado, 6 de junho de 2009

Prevalência de sobrepeso e obesidade é alta entre índios do Alto Xingu

Pesquisa mostra que mais da metade da população analisada apresentou índices de massa corporal elevados. Além do sobrepeso e da obesidade, as taxas de dislipidemia e os níveis pressóricos também foram maiores entre os homens.

A saúde de uma pessoa está diretamente relacionada ao ambiente e às condições de vida da comunidade em que ela vive. Mudanças no estilo de vida e no hábito alimentar podem torná-la mais susceptível às doenças crônicas não-transmissíveis, tais com as doenças cardiovasculares e o diabetes mellitus. Como as populações indígenas no Brasil sofreram, nas últimas décadas, mudanças drásticas no estilo de vida, Suely Gimeno e equipe da Universidade Federal de São Paulo resolveram descrever o perfil metabólico e antropométrico de índios Aruák (Mehináku, Waurá e Yawalapití) que habitam o Alto Xingu, com ênfase nas prevalências de excesso de peso (sobrepeso e obesidade), hipertensão arterial, dislipidemias e intolerância à glicose.

Entre julho de 2000 e outubro de 2002, 201 indivíduos de ambos os sexos e com pelo menos 20 anos de idade foram submetidos a exames físicos (antropometria e pressão arterial) e de laboratório (glicemia de jejum, lípides séricos e ácido úrico). De acordo com artigo publicado na edição de agosto de 2007 dos Cadernos de Saúde Pública, ?mudanças no estilo de vida tradicional incluindo menor grau de atividade física, consumo de dietas ricas em carboidratos, em gorduras e pobres em fibras e, conseqüentemente, a obesidade, estão associadas ao aumento tanto da incidência quanto da prevalência da hipertensão arterial e do diabetes mellitus?.

Os resultados mostram que índios do sexo masculino, quando comparados aos do sexo feminino, apresentaram valores médios menores de dobras cutâneas e de HDL colesterol, e maiores do índice de massa corporal, de circunferência do braço, de pressão arterial sistólica e diastólica, de triglicérides, de VLDL e de ácido úrico. De acordo com a equipe, ? as prevalências de sobrepeso (51,8%,), obesidade (15%), dislipidemia (77,1%) e níveis pressóricos elevados (37,7%) foram maiores entre os homens, enquanto que as mulheres apresentaram maior prevalência de obesidade abdominal (52,1%), independentemente da idade e da tribo de origem?.

Segundo os especialistas, medidas que visem tanto ao controle como à prevenção da obesidade e outros fatores de risco cardiovasculares entre os índios devem ser implementadas. ?As altas porcentagens de indivíduos com excesso de peso, dislipidemias e elevação dos níveis pressóricos revelam que os índios pioraram seu perfil metabólico e perderam a proteção contra as doenças crônicas não-transmissíveis, quer pelo fato de outrora apresentarem biótipo saudável (menor porcentagem de tecido adiposo e maior de massa muscular), quer pela redução na prevalência de doenças infecciosas? principais causas de morbi-mortalidade, nas
décadas passadas, entre esses povos?, afirmam.

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