terça-feira, 16 de junho de 2009

Sexualidade na adolescência

Quais são as principais transformações físicas e emocionais da adolescência?

A adolescência é uma fase singular da vida do ser humano e que corresponde ao período dos 10 aos 20 anos de idade, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Neste período ocorrem importantes mudanças físicas e ao mesmo tempo emergem questões relacionadas ao desenvolvimento psicossocial e emocional que são fundamentais para a formação da identidade adulta.

Transformações Físicas:

Meninos
O crescimento ocorre primeiro nas extremidades, isto é, pés, pernas, mãos, braços; a gordura se distribui pelo corpo; há aumento na altura (“estirão da puberdade”); ganho de massa muscular; os ossos se alargam. Surgem pelos finos e ralos na região pubiana e nas axilas, que vão aos poucos escurecendo, engrossando e ficando encaracolados; aumento da transpiração com odor mais forte; mudança da voz; cresce primeiro o saco escrotal, depois o pênis ganha comprimento e por último aumenta o calibre (fica mais grosso); o pênis fica ereto em situações excitantes, sem que o menino controle essa ocorrência; aparecimento de pelos finos e ralos no rosto, que se transformarão gradativamente em barba e bigode; espinhas e acne no rosto; o cabelo fica mais oleoso.

A ejaculação (eliminação de líquido seminal e espermatozoides) pode ocorrer pela masturbação ou durante o sono (“polução noturna”), de forma involuntária e natural. O toque pelo corpo reflete sensações novas, boas e prazerosas; aumenta o número de masturbação; aparece o ‘pomo de Adão’. Aumenta a fome e o sono. Transformação total do corpo, dentes mudam, tudo cresce e se modifica.

Meninas
Aparecimento do broto mamário; surgem pelos finos e ralos na região pubiana e nas axilas, que vão aos poucos escurecendo, engrossando e ficando encaracolados; a gordura se distribui pelo corpo, deixando a cintura mais fina e dando forma arredondada ao quadril e aumentando gradativamente as mamas. Aumento da transpiração com odor mais forte. Antes da primeira menstruação ocorre o crescimento (altura) e posteriormente vem a menarca (1ª menstruação), por volta dos 12 anos.

Aparecem espinhas, acne e aumento da oleosidade da pele do rosto; cabelo também fica mais oleoso. Seios aumentam, ficam inchados e até doem, isso acompanhado por cólicas antes da menstruação. O toque pelo corpo reflete sensações novas, boas e prazerosas; masturbação. Aumenta a vaidade, mudam os interesses e surge o desejo, a atração física. Aumenta a fome e o sono. Transformação total do corpo, dentes mudam, tudo cresce e se modifica. Depois da menarca as meninas crescem muito pouco, em média 5 a 6 centímetros.


Transformações Emocionais:

Todas as mudanças ocorrem muito depressa, sem que o adolescente tenha controle do que acontece com seu corpo. Ele parece não ter consciência daquilo que se passa, não entende o porquê de tantas alterações corporais e acaba, muitas vezes, não se sentindo à vontade com seu próprio corpo e com tudo que está acontecendo, refletindo num aumento da sensibilidade, na irritabilidade e na oscilação de humor e de ânimo.
Nesta etapa, começa a reconhecer as suas fraquezas e limitações, sente-se indefeso perante elas e, como solução, procura a segurança que precisa no grupo de amigos ou no isolamento.
A ambivalência da adolescência relaciona-se com as transformações globais que ocorrem no indivíduo e que tornam esta faixa etária de difícil compreensão pelos adultos e pelos próprios adolescentes. Coabitam, neste período, desejos ambivalentes de crescer e de continuar criança, de autonomia e de dependência, de ligação ao passado e de vontade de se projetar no futuro.

A fragilidade sentida pode estimular crises regressivas, períodos de alienação e isolamento, comportamentos mais agressivos, dentre outras dificuldades. O
mal-estar sentido pelos jovens, na sociedade atual, tem a ver com a indefinição do seu papel e do seu status social.
No entanto, essa turbulência e esses períodos de angústia e incertezas são vividos de forma intensa e superados de acordo com o tempo interno e a forma que cada um encontra para elaborar todos esses sentimentos e emoções novas que vão surgindo.
"A adolescência termina quando o indivíduo atinge a maturidade social e emocional, adquirindo a experiência, a habilidade e a vontade requeridas para assumir, de maneira consistente, o papel de adulto, que é determinado pela cultura e pela sociedade em que vive."


Por que é importante conversar sobre sexualidade nessa fase?


A sexualidade é um aspecto inerente à personalidade humana, que está presente em nós desde o momento do nascimento até a morte. A sexualidade é a expressão do desejo, da escolha, do amor e da comunicação com o mundo e com o outro. Sendo assim, é imprescindível “conversar sobre sexualidade”, não apenas na adolescência, mas ao longo das diferentes etapas da vida, desde a infância até quando se viver.
A sexualidade é dinâmica, não está e nem fica pronta. Portanto, na educação para o amor e para a sexualidade, o papel da família é primordial, é uma tarefa impossível de terceirizar.
Cabe ressaltar que não existem respostas únicas ou verdades absolutas quando conversamos sobre sexualidade. As respostas são individuais e transcendem o ato de ensinar, envolvendo afeto e qualidade nos relacionamentos. O diálogo deve fluir naturalmente e as respostas devem ser claras, simples, seguras, honestas e objetivas, visando despertar no adolescente a reflexão.

Quando se conversa sobre sexualidade com crianças ou adolescentes, é fundamental compreender que só se pode responder ao outro quando se tem uma resposta para si mesmo. Se o adulto nunca parou para pensar o que aquilo significa para ele, certamente não será capaz de acolher as dúvidas e angústias trazidas pelo adolescente.
Não existe uma “receita pronta” de como proceder, o que falar ou como responder. No que se refere à sexualidade, como em tudo na vida, uma dose equilibrada de autoridade, afetividade e bom-senso na imposição de limites são ingredientes indispensáveis no processo educativo, assim como nas relações interpessoais.


Os jovens têm despertado mais cedo para a vida sexual?

Não existem dados estatísticos precisos sobre a idade e o início da vida sexual ativa entre adolescentes. Porém, um estudo coordenado pela UNESCO em 2008 mostra que no Brasil dois de cada três adolescentes têm a primeira relação sexual antes de completar 16 anos. Outra constatação que confirma o fato dos jovens iniciarem a vida sexual cada vez mais cedo é o número de gravidezes de garotas entre 10 e 14 anos, que vem aumentando a cada ano.
A mídia também tem uma parcela de responsabilidade por estimular a sexualidade sem vincular os aspectos preventivos e afetivos que envolvem esta questão.

Cada vez mais, as famílias estão distantes, é visível a falta de diálogo, a orientação e noção de limite para os jovens. Sem contar que é inerente a este grupo a invulnerabilidade e o pensamento mágico: “A gravidez só acontece com a outra”; “Eu não vou pegar nenhuma DST”; “Eu posso tudo”.
Faz-se necessário abrir espaços para conversas francas com os jovens, tanto em casa quanto nas escolas, igrejas, clubes e demais instituições. Os pais devem estar atentos ao comportamento dos filhos e participar mais de perto da vida deles, compartilhando suas angústias e anseios, podendo assim orientá-los e acolhê-los de forma mais segura.


É verdade que as meninas amadurecem mais rápido que os rapazes? Por quê?

Geralmente a partir dos nove/dez anos a menina cresce vários centímetros em pouco tempo, sua cintura se afina, os quadris se alargam, os seios começam a se avolumar, enquanto os garotos desta mesma idade estão jogando bola, videogame e empinando pipas. Uma vez que o crescimento físico acontece, em média dois anos antes nas meninas, e o desenvolvimento psicossocial ocorre em paralelo, é esperado que o grau de maturidade de uma menina com 13/14 anos seja maior do que de um menino na mesma faixa de idade.
Entre meninos e meninas da mesma idade surgem abismos intransponíveis, pois os ritmos de amadurecimento para os meninos e para as meninas são muito diferentes.


Quando a jovem deve ir pela primeira vez ao ginecologista?

O momento certo para a primeira consulta com o ginecologista é aquele em que a adolescente manifestar vontade de ir a um especialista, seja porque tem alguma queixa ginecológica, seja porque tem alguma dúvida que não conseguiu esclarecer com seus pais ou professores. Lembrar sempre que as amigas sabem tanto ou menos do que ela.

Na maioria das vezes, essa manifestação acontece quando a jovem está querendo iniciar sua vida sexual ou já iniciou e deseja saber mais sobre métodos anticoncepcionais. Em geral ela prefere ir sozinha, ou então em companhia de uma amiga. Depois é que ela opta pela mãe ou pelo namorado. Seria interessante que o ginecologista fosse consultado ou no início da puberdade, quando ocorrem as primeiras mudanças corporais, ou logo que acontece a primeira menstruação. Existem orientações importantes que a menina pode receber nesse momento, prevenindo assim problemas futuros.


Adolescentes podem tomar pílula?

De acordo com a maioria dos especialistas, 6 meses após a menarca (1ª menstruação) a adolescente pode fazer uso da pílula anticoncepcional, desde que indicada por um especialista. Tomar este ou aquele contraceptivo porque a amiga ou a prima ou até mesmo a mãe ou a irmã tomam não é o correto, uma vez que cada organismo funciona e reage de forma única e ninguém é igual. É importante lembrar que o uso da pílula não exclui o uso da “camisinha”, pois a pílula evita uma possível gravidez, mas não previne contra DSTs/AIDS/HPV. Há também que se avaliar e discutir o grau de responsabilidade e envolvimento desta adolescente quando decide pelo uso da pílula. Faz-se necessário esclarecer os mitos que pairam sobre o uso da pílula. Lembrar que é um método seguro e eficaz desde que receitado pelo médico e seguidas as orientações de maneira correta quanto ao seu uso.


Como os adolescentes lidam com a masturbação?


Para os adolescentes a masturbação é considerada “natural” no processo de desenvolvimento. Lembrar aqui que meninas também se masturbam, porém se fala muito menos acerca dessa prática no universo feminino. A masturbação, em especial para os garotos, além de ser uma forma de autoconhecimento, é também um caminho para liberação da energia sexual e da descarga hormonal decorrente desta fase da vida.
No entanto, descarregar tensão a sós, diariamente, com grande intensidade compulsiva, afasta o adolescente da realidade e o faz refugiar-se na fantasia, no devaneio, encapsulando-o cada vez mais em si mesmo. O bom é quando esse ato acontece de forma natural, transitória e sem culpa.
Quanto aos mitos que permeiam a masturbação, vale saber que “se masturbar” não faz crescer pelos nas mãos, não aumenta o número de espinhas no rosto e também não faz nascer “mamas” nos garotos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário